DEPOIMENTO: Voluntariado SOS RELIGAR | #juntospodemosmais


“Olá,

Meu nome é Edson Moreira Felisberto. Tenho 35 anos. Técnico em agropecuária e geógrafo especializado em gestão da biodiversidade. Sou servidor público do Ministério do Meio Ambiente lotado no Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Casado há 10 anos com a Luciene e pai da Sofia e do Samuel.

Sou um mistura de carioca e capixaba, tenho raízes fortes fincados nesses dois Estados. Foi no Espírito Santo que me apaixonei pela terra, pelo campo e foi no Rio de Janeiro que passei a me preocupar com as causas do homem. Essa relação entre a sociedade e a natureza juntamente com todas as suas contradições são a base da minha cosmovisão.

Acredito que se creio em algo então minha fé deve dar frutos coerentes ao que creio...

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Desde quando soube através da “Vem e vê TV” que havia um trabalho no semiárido, vi ali uma oportunidade de poder juntar o útil ao agradável, porém a distância e a falta de coragem de começar algo que saberia que iria mudar meu “status quo”, me fizeram procrastinar... No entanto, em setembro, o Marcelo Quintela disse explicitamente no Facebook que havia necessidade de técnicos para trabalhar a terra e a horta, assim eu me prontifiquei porque as cobranças internas já estavam insuportáveis. Então, após muita conversa com o Fernando e o Augusto, criei coragem e comprei minha passagem para dia 11 de Dezembro, sendo muito bem recebido pelo Augusto em Recife.

Como geógrafo, havia uma expectativa enorme dentro de mim por finalmente conhecer o domínio da caatinga. Achei a caatinga inóspita e incrivelmente bela. O cenário espinhento sob um solo rochoso, as colinas revestidas de vegetação tipicamente sertaneja arbustiva e os chique-chiques, mandacarus e coroa-de-frades, podem parecer para qualquer outro olhar um ambiente severo e feio, a mim causou grande fascínio.

Já como técnico agrícola, confesso que fiquei assustado. A paisagem quase desértica de alguns trechos apresentava muito cascalho de quartzo dispersado por toda parte. Havia também em abundância um tipo de rocha argilosa de cor alaranjada, que assemelha a uma laje ou até mesmo um monte de escombros quase que impermeável que impede a formação de um solo verdadeiro, agricultável. Não há água e não há solo...

Na sexta-feira logo pela manhã, iniciamos os preparativos para o futuro plantio da horta, já pensando sobre o novo paradigma visando a saúde do solo. Coletamos amostra de solo e de água para fazer análise de sua qualidade, e aplicamos calcário dolomítico nos canteiros para correção de PH já de antemão. A tarde fomos conhecer a horta de seu Edinaldo no assentamento Socorro, e o que vi foi a certeza de que o caminho que decidimos trilhar estava certo. Esta horta tinha a sombra do caráter que almejamos: um solo bastante fértil em determinados trechos.



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Em nossa horta, decidimos por plantar feijão como forma de condicionar o solo. O Feijão é muito útil pois fixa nitrogênio no solo, além de favorecer um microclima bastante salutar com suas ramas. Optamos por plantar o feijão juntamente com um gel agrícola para suprir a necessidade de umidade para germinação. Esse gel é um experimento que se der o resultado esperado pode ser muito útil em uma situação crítica de disponibilidade de água.

Augusto me ajudou a prestar atenção nas pessoas, nos detalhes, nas expressões, nas palavras, e nas reais necessidades. Foi através das muitas conversas que conseguimos ver algumas necessidades tão urgentes quanto a chuva: há de se pensar a respeito de um manejo sustentável da atividade de carvoagem. Essa questão veio de encontro a minha qualificação profissional, e prontamente me apresentei para enfrentar esse desafio junto.

No sábado reunimos as pessoas da comunidade do Logradouro e do Assentamento Socorro para um bate papo onde pudemos falar sobre o solo e o manejo da horta segundo a cartilha da horticultura orgânica dentro das dificuldades do semi-árido, encerrando assim o ciclo de minha viajem.

Agradeço a todos pela receptividade, pelo carinho e acolhimento. Agradeço ao Augusto pelas lições de vida e por tudo o mais, ao Fernando pelo incentivo, ao Pedro Petrônio pelo papo gostoso em Tuparetama, ao pessoal da Estação do Caminho de Recife pelo carinho, e a minha esposa por me apoiar nessas minhas “loucuras” “.


Edson Felisberto
Voluntário Técnico Agrícola na SOS Religar

www.vemevetv.com.br



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