Nós pousamos na África em janeiro de 2010, assim que o ano começou.
Fomos à Nigéria para lidar com um fenômeno absolutamente desconhecido no Brasil: a bruxificação infantil.
As crianças são estigmatizadas como bruxas por sacerdotes locais e por conta disso, passam a ser abandonadas em seus vilarejos e se tornam crianças de rua, sofrendo toda espécie de abuso. Ficando sem direito a saúde e educação.
Desembarcamos e tivemos um primeiro momento absolutamente eficaz em nossa missão, começamos a trabalhar contra essa cultura inventada, conforme dito pela UNICEF, por não ser um problema cultural, mas sim mercadológico. As crianças que são feitas bruxas, seus pais precisam pagar pelo exorcismo para libertá-las do pretenso espírito que as possui e, que fica atravancando a vida financeira e a saúde deles.
Logo que nós chegamos lá, estabelecemos contato com as ongs internacionais, alugamos a chamada “Casa do Caminho”, mapeamos os locais de ocorrência, pregamos de todas as formas e em todos os lugares contra isso, publicamos várias literaturas para crianças e adultos e assumimos um orfanato. Temos crianças que estão sob a nossa tutela, e por isso não podemos mais abandonar o processo.
Hoje temos voluntários, funcionários contratados e missionários. Temos agentes humanitários, e todos eles no sul da Nigéria, cuidando conosco do destino de centenas de crianças. E dado ao sucesso nessa frente de trabalho, passamos a tratar de uma outra questão envolvendo crianças e abuso infantil, esta muito mais abrangente, que toma um país inteiro, o Senegal, que é o fenômeno das crianças Talibés: jovenzinhos escravos de seus líderes religiosos, os Marabus, nas falsas escolas corâmicas, onde pretensamente aprendem o Corão (livro sagrado do Islamismo), mas, na verdade, eles só existem para ir às ruas buscar dinheiro para os seus donos. E precisam cumprir metas que envolve esse dinheiro, que vão buscar todos dias para que possam ter remédio e comida.
Visitamos muitos lugares e fizemos um projeto imenso no Senegal, temos o apoio do governo, e nos foi cedido um espaço muito grande, o ex-palácio da justiça da capital, em Dakar, contamos também com as ongs internacionais, além de gente do Brasil que já estabeleceu sua vida lá, em solo africano, para cuidar das crianças que estamos resgatando das mãos de seus abusadores.
Assista na íntegra o vídeo desse relato do Dr. Marcelo Quintela, diretor-executivo do Caminho Nações:
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